quinta-feira, 24 de abril de 2025

Entre arenques vermelhos e pistas falsas



Às vezes, para contar a própria história, é preciso criar o próprio caminho.

Quando decidi entrar de vez no universo literário, logo percebi que muitas das coisas importantes não estavam apenas nas páginas que eu escrevia, mas nos bastidores do próprio mundo editorial. Depois de anos traduzindo livros para uma empresa estrangeira, acabei mergulhando nesses bastidores por trás das cortinas: prazos, diagramação, ISBN, revisão, contratos, layout, direitos… Era como investigar uma cena do crime com nenhuma pista clara. E adivinha só? Fiquei fascinado!

Ao mesmo tempo, tentava enviar meus manuscritos para editoras tradicionais, mas era como jogar uma garrafa no mar e esperar que alguém a encontrasse. As respostas eram escassas, e as portas, nem sempre abertas para quem escreve de forma totalmente independente. Foi aí que tomei uma decisão: se eu ia mesmo contar histórias, por que não assumir o controle também da narrativa editorial?

O problema é que sou detalhista demais para simplesmente jogar meu nome numa capa e dizer “publicado por mim mesmo”. Eu queria algo com identidade, com personalidade. Nasceu assim a Red Herring Books.


Se você é fã de histórias de crime, suspense e mistério, talvez já conheça o termo “red herring”. Ele é usado para descrever uma pista falsa, que desvia a atenção do leitor e o faz suspeitar da pessoa errada ou tirar conclusões precipitadas. A expressão vem literalmente do peixe defumado de cor avermelhada, que era usado antigamente para despistar cães farejadores durante treinamentos ou caçadas. Com o tempo, o termo migrou da floresta para a literatura, tornando-se um recurso clássico do gênero.

Achei perfeito.

Claro, publicar de forma independente não é nada fácil. Exige tempo, planejamento, algum investimento, e uma dose considerável de paciência. Às vezes, parece que estou em uma espiral de estresse sem fim, com anotações por todos os lados, e prazos que insistem em correr mais rápido do que eu. Só que, no final, quando seguro o livro impresso nas mãos, quando vejo leitores curtindo a trama que imaginei, tudo vale a pena.

Para mim, a Red Herring Books é mais do que um selo. É uma forma de garantir que minhas histórias cheguem ao mundo do jeito que eu imaginei — com liberdade criativa, cuidado com os detalhes e, é claro, uma ou outra pista falsa pelo caminho.

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